Pudim

Brasil registra um caso de envenenamento a cada duas horas

Por Dourados news em 08/09/2025 às 13:28:40

Ao longo dos últimos 10 anos, o Brasil contabilizou 45.511 atendimentos em emergĂȘncias da rede pública relacionados a envenenamento que precisaram de internação. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (8) pela Associação Brasileira de Medicina de EmergĂȘncia (Abramede).

O levantamento mostra que, além de envenenamentos classificados como acidentais ou indeterminados, 3.461 pacientes internados via Sistema Único de Saúde (SUS) sofreram intoxicação proposital causada por terceiros.

Com base na série histórica, o país registrou média de 4.551 casos de envenenamento ao ano no período entre 2009 e 2024.

"Esse índice fica em torno de 379 registros ao mĂȘs e 12,6 ao dia. Isso significa que, a cada duas horas, uma pessoa deu entrada numa emergĂȘncia da rede pública em consequĂȘncia de ingestão de substâncias tóxicas ou que causaram reações graves dentro do período analisado", alertou a Abramede, em nota.

No comunicado, a entidade reforça a relevância de médicos emergencistas em situações críticas, incluindo casos de envenenamento, e alerta para a facilidade de acesso a venenos, para a falta de fiscalização e de regulamentação, para a impunidade e para o uso em contextos íntimos – muitas vezes, com motivações emocionais.

Substâncias
De acordo com o levantamento, envenenamentos relacionados a drogas, medicamentos e substâncias biológicas não especificadas (6.407 casos), a produtos químicos não especificados (6.556) e a substâncias químicas nocivas não especificadas (5.104) aparecem no topo da lista.

O estudo mapeou ainda as principais causas identificadas em episódios acidentais de envenenamento. Nesse recorte, envenenamentos por exposição a analgésicos e a medicamentos para aliviar dor, febre e inflamação lideram a lista, com 2.225 casos.

Na sequĂȘncia, aparecem episódios envolvendo pesticidas (1.830), ĂĄlcool por causas não determinadas (1.954) e anticonvulsivantes, sedativos e hipnóticos (1.941).

Regiões
A distribuição geogrĂĄfica mostra que o Sudeste concentra quase metade dos casos, com mais de 19 mil ocorrĂȘncias em 10 anos. O estado de São Paulo responde, sozinho, por 10.161 registros, seguido por Minas Gerais (6.154).

O Sul aparece em segundo lugar, com 9.630 atendimentos — sendo o ParanĂĄ (3.764)) e o Rio Grande do Sul (3.278 mil) os estados mais afetados.

JĂĄ o Nordeste totalizou 7.080 casos, com destaque para a Bahia (2.274) e Pernambuco (949).

No Centro-Oeste, foram 5.161 internações por envenenamento, lideradas pelo Distrito Federal (2.206 casos) e por GoiĂĄs (1.876l).

A Região Norte, embora com menor peso absoluto, somou 3.980 registros no período, liderados pelo ParĂĄ (2.047) e por Rondônia (936).

Mortes
Ao analisar as 3.461 internações por intoxicação proposital ou causada por terceiros, novamente, a maioria dos casos se concentra na Região Sudeste, com 1.513 casos ao longo do período analisado.

No entanto, as outras cinco aparecem com totais muito próximos: o Sul registrou 551 ocorrĂȘncias, o Nordeste, 492 ocorrĂȘncias, o Centro-Oeste, 470 ocorrĂȘncias, e o Norte, 435 ocorrĂȘncias.

Em números absolutos, ocupam o topo do ranking os seguintes estados: São Paulo (754 casos), Minas Gerais (500 casos), ParĂĄ (295 casos), ParanĂĄ (289 casos), GoiĂĄs (248 casos), Bahia (199 casos), Rio de Janeiro (162 casos) e Santa Catarina (153 casos).

No outro extremo aparecem AmapĂĄ (16 casos), Sergipe (8 casos), Alagoas (4 casos), Acre (3 casos) e Roraima (1 caso).

Perfil das vítimas
Os dados trazem também informações gerais sobre o perfil das vítimas de envenenamento, seja proposital ou acidental, sendo que a maioria dos casos envolve homens (23.796 registros).

Com relação à idade das vítimas, o destaque são adultos jovens com idade entre 20 anos e 29 anos, que respondem por 7.313 registros, e crianças de 1 a 4 anos, que concentram 7.204 registros.

As faixas com menos casos são bebĂȘs com menos de 1 ano e idosos, com idade entre 70 e 79 anos (com 1.612 registros) e com 80 anos ou mais (968).

Casos recentes
Em dezembro de 2024, trĂȘs pessoas de uma mesma família morreram no município de Torres (RS) após consumirem um bolo contaminado com arsĂȘnio. A nora da mulher que preparou o bolo foi presa acusada de ter envenenado a farinha usada no alimento.

Em janeiro de 2025, uma refeição adulterada com inseticida e oferecida durante uma ceia de Réveillon na cidade de Parnaíba (PI) deixou nove pessoas intoxicadas, das quais cinco morreram em decorrĂȘncia do envenenamento – incluindo um bebĂȘ de menos de 2 anos.

Em abril, no município de Imperatriz (MA), duas crianças perderam a vida após comerem um ovo de PĂĄscoa envenenado. A mãe das crianças também comeu o alimento e precisou ser hospitalizada.

Também em abril, na capital do Rio Grande do Norte, um açaí entregue em domicílio resultou na morte de uma bebĂȘ de 8 meses e deixou uma mulher em estado grave. O alimento, como em diversos casos anteriores, teria sido enviado como presente para uma das vítimas.


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