Pudim

Vômito, dor, coceira: banho de veneno em aldeia não poupa 12 bebês e 37 crianças.

"A gente não consegue plantar porque perde tudo o que a terra produz", diz liderança.

Por ALINE SANTOS VIA CAMPO GRANDE NEWS em 29/09/2025 às 14:21:33
Comunidade Guyraroka.

Comunidade Guyraroka.

Quando a aeronave que pulveriza agrotóxico na lavoura de soja está no céu, os guarani-kaiowá de Guyraroká, em Caarapó, a 274 km de Campo Grande, logo sentem, em terra, os efeitos do veneno. A intoxicação começa com dor de cabeça e no estômago, que evolui para vômito e diarreia. Além da coceira que castiga a pele, em especial os olhos.

Quando a aeronave que pulveriza agrotóxico na lavoura de soja está no céu, os guarani-kaiowá de Guyraroká, em Caarapó, a 274 km de Campo Grande, logo sentem, em terra, os efeitos do veneno. A intoxicação começa com dor de cabeça e no estômago, que evolui para vômito e diarreia. Além da coceira que castiga a pele, em especial os olhos.

Os sintomas são descritos à reportagem pela voz de quem vive na aldeia há 26 anos. Mas o entrevistado pede para não ter o nome divulgado por medo de sofrer retaliação de fazendeiros.

Nos últimos tempos, o uso do solo mudou na região. Até 2018, predominava pastagem para criação de gado, sem pulverização de veneno. De 2019 em diante, as fazendas migraram para soja e milho, culturas que se revezam em Mato Grosso do Sul.

Com as sucessivas pulverizações de agrotóxicos, os indígenas não conseguem cultivar alimentos para subsistência. Não há mais plantio de milho, amendoim, abóbora, melancia, mandioca e arroz.

"A gente não consegue plantar porque perde tudo o que a terra produz". O entrevistado afirma que os indígenas, que chegaram a ocupar a Fazenda Ipuitã no dia 21 de setembro em protesto ao uso dos herbicidas, não buscam ampliar a terra indígena, mas o cumprimento do que está previsto na demarcação.

"Não estamos ampliando o 'nosso chiqueiro', como chamam nós. Queremos plantar, produzir e fazer o reflorestamento", diz a liderança indígena.

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