Pudim

"Só se tirar à força": deputado Zé Teixeira defende posse de fazenda em Caarapó.

Parlamentar apela para a história da propriedade, critica Cimi e órgãos públicos.

Por VIA CAMPOGRANDENEWS em 05/11/2025 às 13:54:20

Dono da Fazenda Santa Claudina, maior porção de terras que a Funai e o Conselho Missionário Indigenista (Cimi) afirmam estar sobreposta às posses originárias Guarani-Kaiowá, em Caarapó, no sul do Estado, o deputado José Roberto Teixeira, o Zé Teixeira (PSDB) não quer negócios com o governo federal que não seja considerando o valor real de mercado numa região em que o preço do hectare está acima de R$ 100 mil.

Em entrevista ao Campo Grande News, o deputado ruralista diz que não recebeu propostas, mas faz questão de delimitar território: "Se quiserem tirar minha fazenda de lá, só será à força. Assim como um indígena tem direito à sua terra, eu também tenho o meu. Cheguei aqui com 22 anos, comprei o primeiro pedaço de terra com escritura regular, registrada em cartório, tudo conforme a lei. Foi um processo gradual: comprava um pedaço hoje, outro amanhã. Levou 40 anos para consolidar toda a fazenda."

O deputado não colocou a propriedade à venda, mas o preço que estabelece para os cinco mil hectares sobre as quais diz estar fartamente documentado vai bem além dos R$ 146 milhões pagos em Antônio João para encerrar conflitos: R$ 500 milhões. Os 11.400 hectares reivindicados pelos indígenas valem, segundo Teixeira, R$ 1,1 bilhão apenas ao preço de terra nua.

Ele detalha a regularização da fazenda: "São 17 títulos, emitidos em datas diferentes. A terra estava desobstruída, sem habitantes. Se você requereu antes de 1966, judicialmente não há necessidade de ratificação. Respeitei sempre a faixa de fronteira, de 66 quilômetros, depois para 100 e, finalmente, 150. Cumpri todos os registros legais."

A produção na Fazenda Santa Claudina é diversificada: cana, soja, milho, algumas cabeças de gado e reserva legal. "Da pecuária, desisti em 1999 por causa de invasões, cortes de cercas, fogo nos pastos e roubo de sal". Ele lembra que a propriedade abriga uma usina de bioenergia que faz parte de um dos maiores grupos do país, em parceria entre Shell e Raízen (joint venture da Cosan e Shell), conhecida como Parque de Bioenergia Caarapó.

"A terra está consolidada para produção. Para plantar cana, é preciso investir cerca de R$ 25 mil por hectare. Parte da minha reserva legal tive que comprar fora da propriedade, pagando mais R$ 500 mil. Sem trabalho e capital, não há desenvolvimento.".

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